O público que frequenta os festivais de música em Portugal está e comporta-se de forma diferente. Potenciado pelos novos hábitos de sustentabilidade criados pelos promotores (e.g. copos reutilizáveis, zero desperdício alimentar, água potável disponível, casas-de-banho sem químicos) ou por estarmos presentes por uma maior consciencialização daquilo que são as consequências dos nossos comportamentos temos verificado este ano três fatores constantes:
> mesmo em festivais que não promovam a utilização de copos reutilizáveis, é o público que muitas vezes leva o seu copo (ainda de plástico) para os bares e indica que não deve ser dado outro copo;
> recusa do público em aceitar palhinhas para as bebidas;
> o lixo presente nos recintos, em festivais com comportamentos sustentáveis evidentes ou não, é muito menor.
Deixamos dois exemplos tendo por base o que ocorreu no último fim de semana na capital - o Arraial Pride (entrada livre - que movimentou 30 mil pessoas em doze horas) e o Rock in Rio (entrada paga - que recebeu mais de 150 mil pessoas nos primeiros dois dias da sua edição). O primeiro, com uma produção de menores recursos económicos e uma estrutura à base de voluntários e dificuldade em firmar novas ações inerentes a sustentabilidade, além do mínimo (vários caixotes espalhados pelo recinto e com divisão de categorias de reciclagem) mas em que conseguiu ter um recinto limpo no final dos seus concertos em virtude de um cuidado do público nacional e internacional que fez com que nos bares fossem estes os potenciadores do fenómeno da reutilização de copos e da não aceitação de palhinhas para as suas bebidas (e.g. refrigerantes, bebidas brancas) ao longo de uma tarde e noite. Já no Rock in Rio o recinto, nomeadamente na zona do Palco Mundo, onde as pessoas passam muitas horas consecutivas teve uma imagem contrária a edições anteriores, sem plásticos uma vez que o festival tem agora copos reutilizáveis e promove a utilização de materiais biodegradáveis) e também porque este gere o que traz de casa e do que consome no recinto com outro cuidado o que permite gerar poupanças nas equipas limpeza municipais e compensar os gastos noutras atividades que se procura serem mais ecológicas.
Créditos: Frederico Roque (SBSR'2017)
Não existe mais vergonha de se guardar um copo durante o tempo de permanência num festival, e embaraçoso já não é ter um comportamento ecológico e preocupado mas antes o oposto. O tempo dirá quem será então o principal motor da alteração de eventos sustentáveis. O promotor e público estão alinhados, ambos querem, mas muitas aplicações são ainda caras para poderem ser aplicadas necessitando-se de escala. Estaremos aqui para informar e comprovar boas práticas!