O turismo de festivais (e aqui não apenas os de música, mas também os de outras disciplinas artísticas e festividades) tem feito nos últimos anos uma cada vez maior concorrência ao tradicional modelo de verão de "sol e praia" potenciado pelas clássicas agências de viagem. Este é um turismo específico, que de forma mais lata poderá ser denominado como Turismo Cultural, mas que traz ocupação aos alojamentos e revitaliza a economia local e emprego (mesmo que sazonal) nomeadamente fora dos meios urbanos e ao longo do ano de forma regular e não apenas nos meses de época alta, tornando-se por isso um turismo atrativo para nivelar a economia de uma região.
Em Espanha por exemplo cerca de 18% dos turistas de verão, elegem festivais e concertos como a razão principal da sua viagem segundo a UNAV - Unión de Agencias de Viajes, um número em crescendo. Em Portugal, o Turismo de Portugal tem nos últimos anos uma linha própria de apoio a eventos profissionais e outra de apoio aos festivais com maior probabilidade de penetração de turistas internacionais (Portuguese Music Festivals) o que tem ajudado na introdução mais público nomeadamente fora do mercado dos grandes festivais.
Neste contexto, estes apontamentos apesar de ainda não totalmente medidos e tangíveis em Portugal trouxeram um acréscimo de público internacional a diferentes festivais, no comércio envolvente - lojas e restaurantes e em aproveitamento do património. O alojamento escolhido por este público cobre o setor do alojamento local e hósteis - têm um perfil jovem, têm menos dinheiro disponível mas são focalizados naquilo que pretendem fazer.
Por cá e segundo o último Census presente no Portal do INE, o número de bilhetes vendidos na indústria de espetáculos ao vivo, ou seja, bilhetes pagos, ultrapassa os 12.5 milhões/ano, necessitando-se de aferir a que público internacional estes correspondem ou são adquiridos por público externo ao local de ocorrência - um dado que o Annual Report de Dezembro da Aporfest irá trazer na área dos festivais de música. Uma área que faturou em 2017, 85 milhões no nosso país e 269 milhões em Espanha.
Estes pontos fazem com que a proliferação de eventos culturais, nomeadamente os de acesso familiar e livre, tenha sido potenciada em Portugal no último lustro (5 anos) principalmente com os municípios a encontrarem pontos culturais únicos (e.g. Festival do Arroz Carolino; Festa Gastronómica do Peixe Espada Preto - escolhas muito específicas para reconhecimento local e de diferenciação a nível de mercado e concorrencial) como forma de atrair novos públicos aos seus espaços. É certo que existem mais eventos (pagos ou não), estão com maior % de lotação de público e isso faz funcionar positivamente todo um ecossistema que nasce e amadurece com o desenvolvimento desta indústria.
Como irá ser o futuro?
Créditos: Bruno Marcelino (Boom Festival)