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Opinião: Ocorrem 10 festivais de música este fim-de-semana e mais de metade têm acesso gratuito. É b

Este será o primeiro de muitos fins-de-semana com pelo menos uma dezena de festivais de música a ocorrer de forma espartilhada pelo país, neste verão.


Até aqui tudo bem, mas quando temos em conta que mais de metade destes festivais têm entrada livre e um outro permite o acesso gratuito a parte da sua programação, ficamos a pensar nos efeitos que estas decisões poderão ter e consequências positivas e negativas no imediato e a curto prazo perante a esfera de atuação dos mesmos.


Somos um país com dificuldades económicas, é sabido, mas temos um problema muito mais crónico, eterno até, que é a nossa escala, somos poucos. Basta ver o exemplo do Brasil, com maiores dificuldades económicas mas em que existe espaço para mais arte, apoios, visibilidade mediática e patrocínios precisamente por não ter o nosso problema crónico, são muitos. Somos também um país com gente idealista, altruísta e verdadeiramente lutadora, porque oferecemos muita cultura de acesso livre ao público, quando a sua sustentabilidade nem sempre é o fator primário, facto que pode ser entendido nos municípios mas que em entidades privadas já não tem o mesmo sentido (resolve um problema imediato mas contamina outros no médio e longo prazo).


Quem não fica fascinado por ao visitar as nossas cidades poder sempre ter um festival, um concerto e um workshop gratuito? Se noutros países este fator é mais criterioso, apenas perante festas nacionais ou municipais e fatores extraordinários, por cá é algo recorrente e claro que traz vantagens - acesso da cultura à população, nomeadamente a classes mais desfavorecidas economicamente ou geograficamente; possibilidade de criação musical e oportunidades de emprego e trabalho a empresas de produção, promoção e demais prestadores de serviços. Pelo lado oposto, este ponto: fará com que o valor percepcionado pelo público para aceder a cultura seja diminuto, e apenas se aceite aceder à mesma cultura por um valor justo (quando nos é dada de forma gratuita), criando desigualdades entre eventos, tenham estes financiamento privado/público versus os que dependem em quase exclusividade da sua receita; a concorrência entre entidades seja mais "canibalista".


Se nos é dada a possibilidade de ver uma ou mais bandas de forma gratuita, será difícil pagar no futuro para a/s ver/mos novamente, mesmo que seja comunicado um concerto único ou especial. Talvez seja por essa razão que apesar de muitos, são infelizmente reduzidos o número de festivais com rentabilidade sustentada em Portugal. Talvez seja por essa razão também que para nós, enquanto público, é sempre mais fácil dar 3,4,5 euros por uma cerveja do que o mesmo valor por um bilhete ajudando assim a que o ciclo fique novamente prejudicado pela decisão inicial de ter sido dada a possibilidade de um acesso gratuito a todos.


Tanto fica por debater nesta problemática mas que se exigem soluções agregativas de futuro! Formamos e educamos o público, algo que demorará anos e gerações, ou agimos de forma integrativa e sem pensar no bem imediato?


Crédito: Pedro Santos (Nos Primavera Sound'2017)





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